terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Minha companheira, solidão



Peguei meu violão e fui-me embora do sertão
Parei um caboclo na estrada e perguntei
Tem lugar pra mais um?
Essa solidão da moléstia
Não me deixa ficar quieto
Aqui eu num continuo
Vou sair pra me divertir
Conhecer o mundo
E seus encantos descobrir
Mas não durou muito o meu sonho
Roubaram o violão
Me expulsaram do caminhão
Fiquei perdido no meio do nada
Só eu e a solidão que me acompanhava
Sem sustento e sem saída
Deitei nos matos e comecei a pensar na vida
O que eu havia feito não tinha mais jeito
Sem ter mais pra onde ir
Rezei e esperei um milagre acontecer
Parou um carro com uma mulher dentro
Ela me chamou e me deu algo pra beber
Era gostoso e estava escuro
Eu não sabia como agradecer
Ela dirigiu até um lugarejo perto e mandou eu descer
Quando percebi onde estava grande foi a minha raiva
A mulher tinha sumido e eu tinha voltado de onde tinha saído
Cabisbaixo voltei pra casa e entendi o recado
O meu lugar é naquele lugarejo velho
E a mulher era a minha companheira solidão
Que foi me buscar
Pra eu parar de confusão
Me conformei com meu destino
Desde cedo eu já sabia
Quando ainda era menino
Que dali eu nunca sairia
Então deitei na cama esperando chegar outro dia
Mas minha companheira quis me levar pra um novo passeio
E o outro dia não chegou nunca mais

Nizia Rodrigues

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