sexta-feira, 26 de junho de 2009

Súplica


Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

MIGUEL TORGA

sábado, 20 de junho de 2009


Uma hora sou Álvares de Azevedo
Outra hora sou Gonçalves Dias
Na verdade nem sei mais quem sou
A única coisa de que sei
É do meu amor por ti

Ainda que tenha de andar por desertos
Nadar pelos Oceanos
Ou vagar por terras estranhas
Entre gente que meus males não sente

Como um outro eu que sou
Não posso parar de pensar em ti
Tê-lo aqui perto de mim
E no conforto de teus braços dormir



Quando o sol finalmente vier nos acordar
Com o azul do céu
E o cantar dos pássaros
Eu olharei para os teus olhos
E encontrarei o meu verdadeiro eu

Nessas montanhas em que derrapo
Nessa boca que me alcança
Num sussurro que me grita ao longe nosso amor
E no pulsar do coração que implora um último suspiro


Stephanie Rodrigues

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Não consigo mais nem pensar...




Não consigo nem pesar mais. Não sei como pensar. Não sei como sentir.
Olho para ti e vejo-te no teu melhor e pior. Sei o que fazer para te animar mas não sei se posso ou se devo. Quando me olhas como mais atenção, o meu mundo dá saltos mortais…mortais… fico louco e amores por ti. Ou melhor, ateias a fogueira, reacendes os restos já queimados, aqueces as brasas acinzadas dos nossos casos e a tocha da esperança está de novo acesa… o meu campeonato começa.

Naquele momento tenho forças para levar tudo e todos à frente. Forças para saltar sobre qualquer barreira, coragem para me jogar de cabeça no maior dos precipícios. E que precipício. Tenho forças para… tenho forças para… para… achava que para todo. Mas afinal, afinal não tenho forças para nada. Já nem sequer para respirar, viver.

Começam a surgir barreiras outrora vencidas em sonhos. Barreiras tão fáceis de saltar como a facilidade que a chuva que cai dos céus tem em tocar o ar. Mas acontece que durante o salto a chuva é levada para outro mundo. Ainda eu sito o cheiro do teu cabelo, quando piscos os olhos e vejo que já foste molhada por outra chuva… chuva que já te molhou em outros tempos. E assim sim; surgem as dificuldades do pensamento.

Não sei como agir.
Nos meus olhos já correm as lágrimas que em tempos foram sentimentos de alegria. Não lhe chamo amor porque não sei, afinal, o que é amar.
QUERO-TE.


DAVID FAUSTINO

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Essas noites...




Adoro estas noites.

Chamo-lhes desabafos dos necessitados.


Dá para pensar em tudo e em nada.

Sentir o desagrado de todos e de nenhuns.

Tudo isto no suave toque das lágrimas dos anjos sofredores…

Todos aqueles que começam dia cheios de falsas esperanças

E acabam vazios de vitórias.


É tão confusa esta simplicidade.


Tentar vencer o que já há muito foi conquistado

E lutar pelo que desistiu.

Pois é! Nestas noites podemos ter tudo de mão beijada,

Mas não temos vontade, nem força, nem coragem para nos levantarmos de onde estamos.

Nem sequer sabemos onde estamos…


Netas noites, aqueles pelos quais lutamos um dia estão agora esquecidos,

Pois encontramo-nos no meio deles; somos parte deles.

Nestas noites caímos na desgraça de pensar que somos os mais desgraçados do mundo.

E somos… mas apenas enquanto pensamos que o somos…


Não é fácil?


No final, tudo se vai resumir em nada.

“Cada vez pior” (já o meu pai dizia).


Mas é sério.


No fim não vamos saber porque estivemos a chorar.

Não vamos fazer ideia de qual o caminho a tomar.

Vamos deixar de ser anjos e passar a ser vagabundos…

Deambular vai ser o nosso passatempo…


Aí está uma boa palavra;

Tempo!


Dos meus olhos escorrem sombras de silêncio, de sofrimento.

Não se queixam! Apenas deslizam.


DAVID FAUSTINO